Autora: Dra. Glaucylara Reis
Resumo: O Dr. Felipe Azevedo Moura, da Universidade de Campinas – UNICAMP, apresentou um pôster, hoje, no congresso da American College of Cardiology, em São Francisco, nos Estados Unidos. Neste estudo, foi avaliada a variação sazonal do perfil lipídico e a prevalência da dislipidemia na população da região de Campinas, em São Paulo.
Introdução: Os níveis de lipídeos são essenciais na correta avaliação de risco cardiovascular na população. Alguns estudos pequenos prévios sugeriram que haja uma variação sazonal destes parâmetros, o que poderia causar avaliações incorretas do risco populacional. Não há, no entanto, um grande estudo populacional até o momento que possa demonstrar, com robustez, a presença desta variação.
Metodologia: Estudo populacional transversal que avaliou 227 359 indivíduos submetidos às avaliações de risco periódicas nos centros primários das cinco sub-regiões de Campinas entre 2008 e 2010. As dosagens de lipídeos foram separadas pelos meses do ano em que foram colhidas. Para a avaliação sazonal da prevalência da dislipidemia, foi realizada uma análise de regressão não-linear.
Resultados: Foi observada a variação sazonal da amplitude de 7±2mg/dL para o nível sérico de LDL-colesterol (p=0,047), de 3,4±0,3mg/dL para o HDL-colesterol (p=0,005) e de 12±9mg/dL para a trigliceridemia (p=0,058), com maiores taxas nos meses de inverno. Além disso, a prevalência de LDL-colesterol>130mg/dL foi 8% superior durante o inverno, quando comparada à prevalência no verão, e esta diferença foi ainda maior entre mulheres e adultos de meia idade (p< 0,001). O HDL-colesterol<40mg/dL e os triglicerídeos>150mg/dL foram, respectivamente, 9 e 5% mais prevalentes durante o verão (p< 0,001).
Conclusão: Este estudo confirma a existência de uma variação biológica e sazonal no perfil lipídico, com valores maiores nos meses de inverno.
Perspectivas: Os achados deste grande
estudo populacional demonstram, claramente, a diferença de valores séricos de
lipídeos entre as estações do ano mesmo em um país tropical como o Brasil, onde
as variações climáticas não são tão grandes como em países temperados. Não há,
pelo estudo, possibilidade de se apontar causas desta variação, mas pode haver
uma associação com uma menor tendência à prática de exercícios físicos e a
maior ingestão de alimentos gordurosos.
Apesar de algumas publicações prévias já demonstrarem uma maior prevalência de
eventos cardiovasculares maiores no inverno, os resultados deste estudo devem
ser interpretados numa análise transversal de prevalência da dislipidemia, sem
poder demonstrar uma avaliação de risco relativo.
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