Autores:
Dra. Patrícia
Guimarães
Prof. Dr. Roberto Rocha Giraldez
O
congresso do American College of Cardiology 2014 dedicou uma sessão
integralmente à
avaliação de
um dos temas mais importante da cardiologia atual, as reinternações por
insuficiência
cardíaca
(IC). A reinternação
hospitalar na IC merece destaque especial pela piora da qualidade de vida dos
pacientes e pelo elevado custo associado às múltiplas internações. A primeira apresentação do Dr. Gorodeski da Cleveland Clinic analisou a
contribuição da
disfunção
cognitiva para as taxas de reinternação hospitalar por IC. Para medir a cognição, foi
utilizado um escore extremamente objetivo conhecido por Mini-Cog. Empregado em
adultos com mais de 65 anos hospitalizados por IC, verificou-se que cerca de
24% da população
analisada apresentava disfunção cognitiva, principalmente mulheres e negros. As
taxas de readmissão por
todas as causas ou morte aos 30 dias foram mais elevadas em portadores de
deficiência
cognitiva (47% vs. 22%; HR ajustado
2,6 IC95% 1,8 - 3,7; P<0,0001), principalmente quando os pacientes recebiam
alta diretamente para casa.
O
segundo estudo apresentado pelo Dr. Aggarwal da Universidade de Michigan
analisou preditores de reinternação hospitalar em portadores de IC. Para tanto, foi
utilizado o registro NIS (Nationwide
Inpatient Sample) que congrega 20% dos dados de internações
hospitalares dos Estados Unidos. O estudo avaliou 2.536.439 pacientes admitidos
por IC em todo o país. A taxa de reinternação hospitalar por todas as causas em 30 dias nesse
grupo de pacientes foi de 24,9%, enquanto a taxa de readmissão por
IC foi de 9,3%. As internações por descompensação da IC foram mais comuns em adultos do sexo masculino
entre 18 e 44 anos e de baixa renda.
Em
relação ao impacto
do tratamento farmacológico sobre as taxas de reinternação,
Sanam e colaboradores da Universidade do Alabama estudaram pacientes internados
por IC descompensada e fração de ejeção < 45% que receberam alta de 106 hospitais nos
Estados Unidos entre 1998 e 2002 e não faziam uso prévio de inibidores de ECA ou bloqueadores do receptor
de angiotensina. A taxa de readmissão hospitalar em 30 dias dos pacientes que iniciaram o uso
destas medicações após a
alta foi significativamente menor do que a dos pacientes que não
utilizaram esses medicamentos (18% vs.
24%, p= 0,03). Esta diferença persistiu pelos 12 meses seguintes. Neste estudo, o
uso de IECA ou BRA também foi associado a menor readmissão
hospitalar por insuficiência cardíaca e mortalidade em 30 dias por todas as causas,
reiterando a importância da utilização destas drogas em pacientes com IC.
Finalmente,
a última
apresentação da
sessão
avaliou a importância
da aderência à
terapia medicamentosa e mudanças do estilo de vida para o tratamento dos pacientes
com IC. Widmer e colaboradores desenvolveram um aplicativo online por meio do
qual os pacientes realizavam reabilitação cardíaca, relatavam suas tarefas diárias,
peso, glicemia, dieta e atividade física. Os pacientes que usaram o aplicativo tiveram
redução
significativa de peso, menor taxa de hospitalização e de visitas a unidades de pronto-socorro em comparação aos demais
pacientes. Este estudo aponta para o controle dos fatores de risco através do
uso de um aplicativo online como uma boa estratégia de prevenção secundária.
Assim,
nesta sessão
foram caracterizados diversos preditores de reinternação
hospitalar, indicando caminhos possíveis a serem percorridos com o intuito de reduzir as
elevadas taxas de reinternação por IC descompensada.
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