Autor: Dr. Antonio Bacelar
A insuficiência
cardíaca é uma doença de grande prevalência em todo o mundo e seu tratamento
constitui um grande desafio por sua gravidade, principalmente em estágios mais
avançados. Assim, esforços têm sido feitos para se desenvolver novas intervenções
que possam ter um impacto sobre a mortalidade desses pacientes. O estudo multicêntrico
MADIT-CRT, publicado em 2009 no New
England Journal of Medicine, demonstrou que pacientes com insuficiência
cardíaca leve (NYHA CF I ou II) e fração de ejeção ≤ 30% com QRS ≥
130mseg tiveram benefício da terapia de ressincronização cardíaca (TRC) associada
a implante de cardiodesfibrilador (CDI) com redução de 44% da taxa de eventos
cardiovasculares em 2,4 anos de seguimento. O objetivo do análise atual de
longo prazo foi verificar se a melhora da sobrevida se manteria após um
seguimento de 7 anos.
No seguimento de
7 anos, o desfecho primário de mortalidade por todas as causas em portadores de
bloqueio de ramo esquerdo (BRE) foi atingido por 29% dos pacientes que receberam
CDI isolado e 18% dos pacientes que receberam CDI com TRC (HR 0,59; IC95% 0,43
- 0,80; P<0,001). As taxas de sobrevida em 5 e 7 anos foram de 90% e 80%, respectivamente.
O numero necessário para tratar (NNT) foi de 8.
A taxa de eventos de insuficiência cardíaca
também foi significativamente menor em pacientes que receberam TRC com CDI (HR
0,38; IC95% 0,30 - 0,48; P<0,001). Não houve diferença significativa no
beneficio da TRC em relação à causa da insuficiência cardíaca, o sexo do
paciente ou a duração do QRS. Ao contrário, em pacientes que não apresentavam BRE,
houve um aumento da mortalidade a longo prazo (HR 1,57, IC95% 1,03 - 2,39:
P=0,04) e um risco mais elevado de taquiarritmias ventriculares. Uma explicação
para estes achados é que a ativação elétrica na parede ventricular de pacientes
que não apresentam BRE é mais heterogênea, podendo promover uma discrepância na
onda de ativação induzida pelo marcapasso.
Este foi o
primeiro estudo a demonstrar que em pacientes com
insuficiencia cardiaca leve, disfuncao ventricular e BRE, a TRC precoce foi associada a uma melhora significativa na
sobrevida a longo prazo.
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