Menos
de 50% dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) atingem controle
glicêmico adequado com a terapia medicamentosa. Estudos observacionais
mostraram melhora do controle glicêmico com cirurgia bariátrica, que também
ajuda além a controlar outros fatores de risco cardiovascular. O efeito a longo
prazo da cirurgia bariátrica sobre o controle glicêmico em pacientes com DM2,
no entanto, não é conhecido.
O
STAMPEDE foi um estudo randomizado, unicêntrico, aberto, onde foi avaliada a
eficácia da cirurgia bariátrica (gastrectomia em Y de Roux ou gastrectomia tipo
sleeve) associada à terapia
medicamentosa em comparação ao tratamento farmacológico isolado. O desfecho
primário do estudo foi a proporção de pacientes com nível de hemoglobina
glicada (HbA1c) ≤ 6% em 3 anos de acompanhamento. Os pacientes foram
randomizados em 3 grupos de 50 pacientes (terapia medicamentosa isolada, gastrectomia
em Y de Roux e gastrectomia tipo sleeve).
Dos
150 pacientes, 91% completaram 3 anos de acompanhamento. A proporção de
pacientes que atingiram a meta primária (HbA1c ≤ 6%) foi de 5% no grupo medicamentoso, 37,5% no
grupo Y de Roux (p<0,001) e 24,5% no grupo sleeve (p=0,012). A cirurgia
bariátrica também foi mais efetiva em reduzir o IMC (p<0,001), o uso de
insulina, assim como o número de medicações cardiovasculares.
Os
autores também demonstraram uma melhora na qualidade de vida relacionada a
aspectos físicos e mentais no grupo cirurgia, enquanto houve piora desses
índices nos pacientes que receberam tratamento medicamentoso isolado.
A
taxa de reoperação foi de 4% e a incidência de complicações gastroinstestinais
foi de 26% no grupo bypass gástrico e
de 4% no grupo sleeve. Não houve óbitos ou complicações com risco de
vida.
Em
pacientes obesos com diabetes tipo 2, a cirurgia bariátrica foi superior ao
tratamento medicamentoso isolado para o controle glicêmico adequado, assim como
no controle de componentes da síndrome metabólica.
Esse
foi o primeiro estudo randomizado a confirmar o benefício a longo prazo da cirúrgica bariátrica no controle do diabetes, incluindo
altas taxas de remissão do DM2 (35% no grupo bypass gástrico e 20% no grupo sleeve)
e melhora importante da qualidade vida.
Novos
estudos são necessários para avaliar o impacto da cirurgia bariátrica na
redução de eventos cardiovasculares, principal causa de morte entre os
diabéticos.
Dessa
forma, podemos considerar a cirurgia bariátrica como um estratégia terapêutica
eficaz no controle de pacientes obesos (IMC >30 Kg/m2) com DM2.
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