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BEST: Cirurgia de revascularização ou angioplastia com stents com everolimus na DAC multiarterial

Dr. Humberto Graner Moreira

A maioria dos estudos comparando a angioplastia contra a cirurgia de revascularização miocárdica em pacientes com doença coronária multiarterial tem demonstrado melhores desfechos no grupo cirúrgico. No entanto, ensaios clínicos anteriores podem ser limitados por haverem usado stents farmacológicos de primeira geração. Embora estes reduzam a taxa de reestenose, a sua utilização foi associada a uma taxa relativamente elevada de eventos trombóticos relacionados com stents.

O objetivo do estudo BEST foi avaliar o tratamento com intervenção coronária percutânea (ICP) em comparação com a cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) em pacientes com doença coronariana multiarterial.

Este ensaio clínico randomizado, controlado e aberto foi interrompido precocemente em outubro de 2013 devido à taxa de inclusão lenta. Foram incluídos 880 dos 1.776 indivíduos inicialmente planejados, portadores de doença coronária de múltiplos vasos, randomizados para ICP com stents farmacológicos com everolimus (n=438) versus CRM (n=442). A idade média desses pacientes era de 64 anos, 31% eram mulheres, e 40% diabéticos. O score SYNTAX médio foi 24, e 64% do grupo cirúrgico foi submetido ao procedimento sem circulação extra-corpórea.

Ao final do seguimento, o desfecho primário de morte, infarto agudo do miocárdio (IAM), ou revascularização do vaso alvo (TVR) aos 2 anos ocorreu em 11,0% no grupo ICP versus 7,9% no grupo CRM (p=0,32 para não inferioridade), e em 4,6 anos ocorreu em 15,3% no grupo ICP versus 10,6% no grupo CRM (p=0,04). Pacientes com diabetes apresentaram o maior benefício com a CRM (p para interação = 0,06).

Em relação aos desfechos secundários, não houve diferenças em relação à morte (6,6% grupo ICP vs. 5,0% grupo CRM; p = 0,30), AVC (2,5% grupo ICP vs. 2,9% grupo CRM; p=0,72), ou IAM (grupo ICP 4,8% vs. Grupo CRM 2,7%; p=0,11), mas os pacientes submetidos à angioplastia apresentaram uma maior taxa de infarto do miocárdio espontâneo (4,3% vs. 1,6% grupo CRM, p=0,02), e revascularizações de vaso alvo (11,0% vs. 5,4% no grupo CRM; p=0,003).

Os autores concluem que entre os pacientes com doença coronária de múltiplos vasos, a ICP foi inferior à cirurgia de revascularização miocárdica em quase 5 anos de seguimento. Este resultado foi impulsionado por um excesso de revascularizações repetidas e infarto do miocárdio espontâneo no grupo ICP. Enquanto a maioria dos estudos anteriores apresentaram maiores taxas de AVC com a cirurgia de revascularização este estudo encontrou uma frequência semelhante entre os grupos.

Embora compare um stent farmacológico mais seguro, o everolimus, com a cirurgia, este estudo apresenta algumas limitações importantes: em primeiro lugar, o estudo foi originalmente desenhado para um desfecho composto misto, que incluía desfechos duros como morte e infarto do miocárdio, associado a revascularização repetida do vaso alvo. Além disso, ele incluiu apenas metade dos pacientes inicialmente previstos, diminuindo o poder estatístico, embora tenha detectado diferenças significativas entre os dois grupos ao final do seguimento. Apenas 20% dos pacientes inicialmente selecionados foram randomizados, o que pode ter gerado outro viés de seleção. Ainda assim, para pacientes com doença arterial coronária multiarterial, as evidências acumuladas até o momento reforçam o papel da cirurgia de revascularização como primeira opção no tratamento destes.

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