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ACCELERATE- Evacetrapibe não reduziu eventos cardiovasculares em população de alto risco.

Autor: Antonio Bacelar

Revisor: Roberto Rocha Giraldez


O estudo ACCELERATE apresentado pelo Dr. Stephen Nicholls da Clevand Clinic nos EUA durante a sessão de late breaking clinical trials do ACC 2016, avaliou a eficácia e segurança do evacetrapibe comparado ao placebo em uma população de alto risco cardiovascular. O estudo foi interrompido precocemente pela falta de evidência de benefício da medicação.


O evacetrapibe é um inibidor da CETP (proteínas transferidoras de ésteres de colesterol). Em estudos de fase 2, ele demonstrou um surpreendente efeito sobre o perfil lipídico, promovendo elevação do HDL em até 130% e redução do LDL em, aproximadamente, 35%. O propósito do estudo ACCELERATE foi avaliar o impacto do evacetrapibe na redução de eventos cardiovasculares em uma população de alto risco.


O ACCELERATE foi um ensaio clínico de fase 3, multicêntrico, duplo-cego, que alocou de maneira aleatória 12.092 pacientes de alto risco cardiovascular (síndrome coronária aguda no último ano, doença arterial periférica, diabetes com doença coronária ou doença cerebrovascular) para receber evacetrapibe 130 mg ao dia ou placebo em adição à terapia convencional por um período mínimo de 1,5 anos. A meta primária composta de eficácia foi o tempo até a ocorrência do primeiro evento de morte cardiovascular, infarto do miocárdio não-fatal, AVC, internação por angina instável ou revascularização do miocárdio.

A média de idade dos participantes foi de 65 anos com 77% dos pacientes do sexo masculino e média de IMC de 30,2 Kg/m2 . Aproximadamente, 83% apresentavam doença coronariana prévia e 68% tinham diagnóstico de diabetes. Todos os pacientes eram tratados com estatinas, incluindo 46% com terapêutica intensiva. No momento da inclusão no estudo, a média de LDL era de 81 mg/dL e de HDL de 45 mg/dL. O grupo intervenção apresentou uma elevação média de 130% do HDL em relação ao grupo controle e uma redução média de 37% do LDL. O estudo foi interrompido precocemente por futilidade, pois a taxa da meta primária foi de 12,8% no grupo evacetrapibe e 12,7% no grupo placebo (HR 1,01; IC95% 0,91-1,12; p=0,85). Não houve qualquer diferença em relação aos desfechos secundários exceto por uma redução marginal de 16% da mortalidade global (p=0,06) que foi considerada um achado espúrio.

Em relação aos efeitos adversos, houve um aumento das taxas de hipertensão (p<0,05) e elevação da proteína C reativa (p <0,01) no grupo intervenção.


Em conclusão, a despeito da elevação de 130% do HDL e redução de 37% do LDL, o evacetrapibe não reduziu a incidência de eventos cardiovasculares numa população de alto risco.


O primeiro representante da classe dos inibidores da CETP, o torcetrapibe, foi avaliado no estudo Illuminate publicado no NEJM em 2007. O estudo foi interrompido precocemente devido ao aumento de mortalidade, insuficiência cardíaca e angina. O dalcetrapide foi testado no estudo dal-OUTCOMES apresentado no American Heart Association em 2012. O dalcetrapibe também não reduziu a incidência de eventos cardiovasculares em relação ao placebo, embora, não tenha demonstrado efeitos adversos. O último representante da classe dos inibidores da CETP, o anacetrapibe, ainda está sendo avaliado no ensaio clínico REVEAL. Até o presente momento, no entanto, a estratégia de inibição da CETP não se mostrou promissora a despeito dos efeitos favoráveis sobre o perfil lipídico. Dessa forma, esses estudos demonstram a importância da realização de ensaios clínicos de fase 3 que avaliam desfechos clínicos e não apenas metas substitutas também conhecidas como “surrogate end-points”.

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