Dra. Glaucylara Reis Geovanini
O uso de cannabis (maconha) aumenta o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca (IC), mesmo depois de se levar em conta fatores demográficos, condições gerais de saúde e estilo de vida, como o tabagismo e uso de álcool, de acordo com pesquisa apresentada no American College of Cardiology 2017.
O uso de cannabis foi recentemente legalizado em vários estados americanos para fins medicinais e continua sendo a droga ilícita mais comumente usada no país. Os efeitos cardiovasculares da cannabis não estão bem estabelecidos uma vez que os estudos até agora têm sido limitados pelo tamanho amostral. Assim, os autores utilizaram uma grande base de dados nos EUA para examinar a incidência de fatores de risco cardiovasculares e eventos entre pacientes que relatam o uso de cannabis. Deve-se ressaltar que o uso de cannabis foi relatado pelo paciente. Como o seu uso, no entanto, não está amplamente legalizado nos EUA, os dados podem ser subestimados. Pacientes com idade entre 18 e 55 anos em uso de cannabis foram identificados na base de dados Nationwide Inpatient Sample 2009-2010 usando a IX Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID) código 304.3. Dados demográficos, fatores de risco e eventos cardiovasculares foram coletados e comparados aos dados da população.
A incidência de IC, AVC, doença arterial coronária (DAC), morte súbita cardíaca e hipertensão foram significativamente maiores nos pacientes com relato de uso de cannabis. Após regressão multivariada com ajuste para idade, sexo, diabetes mellitus, hipertensão , DAC, uso de tabaco e uso de álcool, o uso de cannabis continuou sendo um preditor independente de IC (OR = 1,1 [1,03-1,18], p <0,01) e AVC (OR = 1,24 [1,14-1,34], p <0,001) (Tabela 1). Dessa forma, os autores concluiram que o uso de cannabis previu de forma independente os riscos de IC e AVC em indivíduos de 18 a 55 anos. Assim, com a legalização da maconha, os potenciais efeitos deletérios cardiovasculares podem se expandir e os mecanismos subjacentes envolvidos nesse efeito precisam ser investigados.
Autores: Aditi Kalla, Parasuram Krishnamoorthy, Akshaya Gopalakrishnan, Jalaj Garg, Vincent Figueiredo (Centro Médico Einstein, Filadélfia, PA, EUA).
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