Artigos Científicos

Home

COMPARE-ACUTE: revascularização completa guiada por FFR foi superior à angioplastia primária apenas da artéria culpada.

Dr. Humberto Graner

De acordo com os resultados do estudo COMPARE-ACUTE, em pacientes com infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCEST) submetidos à angioplastia primária, a abordagem com revascularização completa guiada por reserva de fluxo fracionada (FFR) foi superior à revascularização apenas da artéria culpada.

O estudo COMPARE-ACUTE foi um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego, que incluiu 885 pacientes admitidos com IAMCEST e submetidos à angioplastia primária foram randomizados para revascularização completa guiada por FFR (n=295) versus revascularização isolada da artéria culpada (n=590). A média de idade foi de 62 anos, maioria eram homens (79%), com baixa porcentagem de diabetes (15%). Foram excluídos pacientes com doença de tronco de coronária esquerda, Killip classe III ou IV, oclusão total crônica, ou resultado sub-ótimo ou complicação do tratamento da artéria do infarto.
O desfecho primário foi o composto por morte por todas as causas, infarto agudo do miocárdio, AVC, ou revascularização coronária de urgência.

Pelo protocolo, a revascularização completa deveria ser feito na fase aguda, por ocasião da angioplastia primária, evitando procedimentos estagiados. Por esta razão, o tempo médio de procedimento foi ligeiramente maior no grupo revascularização completa (65 minutos versus 59 minutos, p=0,001), com maior volume de contraste infundido (224 ml para completa versus 202 ml para a artéria culpada apenas, p=0,007).

Ao final dos 12 meses, a incidência do desfecho primário foi de 7,8% do grupo de revascularização completa versus 20,5% no grupo da artéria do infarto (p <0,001). A maior parte desse resultado se deveu à necessidade de revascularização (6,1% para completa versus 17,5% para artéria culpada apenas, p<0,001), não havendo diferença na mortalidade ou reinfarto.

Os autores concluíram que a revascularização completa guiada por FFR foi superior à revascularização isolada da artéria culpada do infarto nos pacientes com IAMCEST.

Perspectivas: Recentemente, ensaios clínicos randomizados compararam as estratégias de revascularização completa versus apenas a artéria culpada do infarto. Dois ensaios clínicos randomizados de revascularização completa no IAMCEST guiada por angiografia relataram uma diminuição dos eventos cardíacos adversos maiores (PRAMI e CvLPRIT). Outro estudo, DANAMI-3-PRIMULTI, que realizou o tratamento guiado por FFR de lesões não culpadas 2 dias após a angioplastia primária, também relatou uma redução nos eventos adversos cardiovasculares. Isso se deveu principalmente a uma redução no número de procedimentos adicionais ao longo do seguimento. Em contraste com o DANAMI-3-PRIMULTI, no estudo COMPARE-ACUTE as revascularizações guiadas por FFR foram realizadas durante a angioplastia primária. Essa estratégia limita a necessidade de cateterismos sequenciais e tem potencial para limitar os custos, dada a frequência significativamente menor de testes de isquemia antes da alta e internações para procedimentos estagiados. O COMPARE-ACUTE corrobora que a revascularização completa durante a realização da angioplastia primária (guiada por angiografia ou FFR) reduz eventos cardiovasculares adversos, impulsionados por uma redução nos procedimentos de revascularização futura.






Desenvolvido pela Diretoria de Tecnologia da SBC - Todos os Direitos Reservados

© Copyright 2017 | Sociedade Brasileira de Cardiologia | tecnologia@cardiol.br