O emprego dos novos agentes anticoagulantes orais em substituição à varfarina e outros medicamentos de administração parenteral tem crescido rapidamente desde o seu lançamento. Uma das limitações desses agentes orais, no entanto, é a falta de um antídoto específico que possa ser utilizado em condições emergenciais para neutralizar a sua ação anticoagulante e interromper sangramentos que impõe risco à vida. Diversos antídotos diferentes vêm sendo testados com o objetivo de interromper o efeito dessas medicações. Os antídotos direcionados para reverter o efeito dos inibidores diretos da trombina, como a dabigatrana, são distintos dos desenvolvidos para neutralizar a ação dos bloqueadores dos fator Xa, como a rivaroxabana, apixabana e edoxabana. Alguns agentes foram testados para bloquear especificamente o efeitos dos inibidores do fator Xa. Durante o Congresso do American Heart Association 2014, em Chicago, foi apresentado um estudo in vivo avaliando o efeito do fator 4 do complexo protrombínico (F4 PCC) sobre a edoxabana. A edoxabana é um novo agente inibidor do fator Xa atualmente em avaliação para aprovação pelas agências reguladoras em diversas partes do Mundo. Esse estudo avaliou a reversão do efeito de 60mg de edoxabana induzida pelo F4 PCC em pacientes submetidos a punção biópsia. O desfecho primário foi o tempo de sangramento (TS) relacionado ao procedimento. O estudo também avaliou o volume do sangramento (VS) e o potencial da trombina endógena (PTE), um parâmetro laboratorial para a geração de trombina. Assim, essa análise avaliou efeitos clínicos e laboratoriais do antídoto F4 PCC.
O estudo foi dividido em duas partes. Na primeira delas, depois de estabelecido o método de biópsia, o TS e VS foram avaliados depois da exposição ã edoxabana. A seguir, na parte dois, os pacientes foram randomizados para receber diferentes doses de (F4 PCC) (10, 25 ou 50UI/Kg) ou placebo. Os resultados demonstraram que, enquanto a dose de 10UI/Kg de F4 PCC foi de baixo impacto sobre os parâmetros analisados, a dose de 50UI/Kg reduziu significativamente o TS e VS, aumentando o PTE, ou seja, elevando a geração de trombina e ação trombótica do plasma. A análise percentual dos efeitos clínico-laboratoriais das diferentes doses de F4 PCC demonstra reversão completa do efeito da edoxabana com a dose de 50UI/Kg depois de 30 minutos. Nenhum evento adverso sério foi detectado depois da infusão de F4 PCC.
Em conclusão, o F4 PCC foi capaz de reduzir o TS induzido pela edoxabana de uma maneira dependente da dose. A dose mais elevada do antídoto reverteu completamente o PTE em, apenas, 30 minutos. Esses resultados sugerem que a dose mais elevada de F4 PCC seja capaz de reverter os efeitos da edoxabana sem efeitos colaterais indesejáveis.
Desenvolvido pela Diretoria de Tecnologia da SBC - Todos os Direitos Reservados
© Copyright 2014 | Sociedade Brasileira De Cardiologia | tecnologia@cardiol.br