Autor: Dra. Monica S. Avila
Introdução: Foi apresentado hoje na sessão de Hotlines III do ESC Congress 2012 o estudo CORE320, apresentado pelo Dr. João Lima, do Hospital Johns Hopkins - EUA, que avaliou a acurácia diagnóstica da angiotomografia (angioTC) de coronárias, associada ao estudo de perfusão miocárdica pela TC no diagnóstico de doença arterial coronariana, em comparação com a angiografia invasiva associada à cintilografia de perfusão miocárdica. Avaliou também a capacidade deste novo método de predizer a necessidade de revascularização miocárdica em pacientes com doença arterial coronariana (DAC) conhecida ou suspeita.
Métodos: Estudo prospectivo, randomizado, internacional, multicêntrico, que envolveu pacientes de 16 hospitais em 8 países, com idade entre 45 e 85 anos, com doença arterial coronariana suspeita ou sabida e que foram encaminhadas para realização de uma angiografia. que eram encaminhados para realização da angiografia. O estudo incluiu 4 métodos de imagem: angioTC, perfusão miocárdica pela TC, angiografia invasiva e cintilografia de perfusão miocárdica. As avaliações das imagens foram feitas por 2 examinadores e foram duplo-cegas. O desfecho primário do estudo foi avaliar o desempenho do exame não invasivo que combina angioTC e perfusão por TC, para avaliar a presença de estenose coronariana significativa, tendo com padrão-ouro a angiografia coronária associada à cintilografia de perfusão miocárdica.
Resultados: Foram incluídos 381 pacientes nos 16 centros, sendo que o Brasil foi o maior centro envolvido, com idade média de 62 anos, 66% do sexo masculino, índice de massa corpórea média de 27 Kg/m2 e escore de cálcio de 162. Entre os antecedentes, 34% tinham história de infarto agudo do miocárdio prévio e 29% de intervenção coronária percutânea, 78% com antecedente de hipertensão arterial, 68% de dislipidemia e 45% com história familiar positiva da doença coronariana precoce.
A prevalência de doença coronariana obstrutiva definida pela angiografia + SPECT foi de 38%, enquanto para angiografia foi de 59%. A acurácia diagnóstica da angioTC associada à perfusão pela TC para detecção ou exclusão de lesões significativas > 50 e > 70% foi de 0,87 (IC 95% 0,83 – 0,91), e 0,89 (IC 95% 0,86 – 0,93), sendo a angiografia o padrão ouro. A perfusão através da TC aumentou a acurácia diagnóstica da angioTC isolada (AUC 0,87; IC 95% 0,83 – 0,91 vs 0,81 IC 95% 0,77 – 0,86, respectivamente, p<0,001). A combinação da perfusão através da TC e da angioTC isolada tiveram um poder diagnóstico similar à angiografia + cintilografia em identificar revascularizações em 30 dias.
Conclusão e Perspectivas: O estudo apresentou 3 conclusões principais: (1) a combinação da angioTC ao estudo de perfusão pela TC é capaz de detectar estenoses significativas (> 50%) definidas pela angiografia associada à cintilografia; (2) a TC com perfusão acrescenta poder diagnóstico de maneira significante à angioTC isoladamente e (3) a combinação entre TC com perfusão e angioTC torna-se um exame não invasivo útil em identificar aqueles pacientes que irão se beneficiar da revascularização miocárdica e para acompanhamento de pacientes com doença arterial coronariana.
Durante a apresentação, o autor acrescentou ainda que esse exame apresenta um valor preditivo negativo muito elevado, não aumenta de forma considerável a quantidade de contraste fornecida aos pacientes, e que a duração do exame é discretamente maior. Esse novo exame poderá ser útil na prática clínica visto que ele, de maneira não invasiva, une a avaliação anatômica das artérias coronárias à perfusão do miocárdio, podendo determinar tanto uma conduta mais conservadora quanto mais invasiva, a depender dos seus resultados, mas talvez o mais importante seja sua capacidade de excluir a necessidade de exames invasivos exageradamente.
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