Autor: Dra. Fernanda Seligmann Feitosa
Foi apresentado hoje no ESC Congress 2012, o estudo PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology), um estudo epidemiológico que envolveu mais de 150.000 indivíduos, em 17 países, inclusive o Brasil, que avaliou os padrões de dieta, atividade física e tabagismo.
Sabemos que o estilo de vida é responsável por 50 a 60% dos fatores de risco, e que modificações nestes fatores são capazes de diminuir a incidência das doenças cardiovasculares. Entretanto, estes fatores geralmente são abordados em análises individuais e não populacionais, com o objetivo de guiar possíveis políticas de saúde.
Neste sentido, o estudo PURE avaliou, prospectivamente 153.000 indivíduos, através de questionários, quanto a seus hábitos dietéticos, atividade física recreacional e não-recreacional (atividades diárias) e tabagismo. Após uma análise univariada simples, correlacionando estes hábitos ao produto interno bruto (PIB) e ao índice de saúde de cada um dos países incluídos, o estudo demonstrou que, com o aumento do produto interno bruto do país (PIB), houve aumento no consumo de frutas e vegetais, aumento na porcentagem de energia obtida a partir de gorduras e proteínas contra um menor consumo de carboidratos.
Por outro lado, os indivíduos dos países mais pobres apresentaram maior nível de atividade física diária, principalmente aquela não recreacional, gasta durante o trabalho, em casa e durante o transporte. O maior nível de atividade física realizado nos países pobres não foi compensado pelas atividades desenvolvidas nos países ricos. Esta poderia ser a principal causa da epidemia de obesidade observada atualmente nos países ricos.
Outra diferença observada no estudo foi que nos países ricos a taxa de tabagismo diminuiu, principalmente porque as pessoas pararam de fumar, fazendo também com que as crianças não adquirissem o hábito do tabagismo. Outro fato ressaltado foi que todas as diferenças observadas no estudo foram mais evidentes nas populações rurais do que nas urbanas.
O apresentador do estudo, Dr. Salim Yusuf, do Canadá, ressaltou a necessidade de novas abordagens nas políticas de saúde pública para a prevenção da doença cardiovascular, e que elas sejam diferenciadas para cada país, de acordo com o nível econômico.
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