Autora: Dra. Mônica Samuel Avila
Resumo: Foi apresentado hoje no ESC Congress 2012, pelo Dr. Scott Solomon, o estudo PARAMOUNT, que avaliou a droga LCZ696, um inibidor do receptor da neprilisina em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP).
Métodos: Estudo randomizado, com grupo controle, duplo cego, multicêntrico, que incluiu pacientes com insuficiência cardíaca e classe funcional NYHA II - III, com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE) > 45% e NT-proBNP maior do que 400 pg/mL. Os pacientes que preencheram os critérios foram randomizados para receber valsartana (grupo controle) ou a droga LCZ696, que associa a valsartana a um inibidor do receptor neprilisina da angiotensina. Esta nova medicação age como um inibidor neutro da endopeptidase, diminuindo a degradação de peptídeos natriuréticos atriais e pode ter efeitos vasodilatadores e diuréticos adicionais. A duração do estudo foi de 36 semanas. O desfecho primário do estudo foi a diminuição no NT-próBNP em 12 semanas.
Resultados: Foram incluídos 134 pacientes designados para receber o LCZ696 e 132 para o grupo valsartana. Após 12 semanas de seguimento, houve uma redução estatisticamente significante no valor do NT-próBNP no grupo que recebeu LCZ696 em relação ao grupo valsartana (RR 0,77; IC 95% 0,64 - 0,95; p=0,005). Após 36 semanas, a queda do NT- proBNP no grupo intervenção foi de 15% em relação ao grupo controle, valor numericamente inferior porém não significante estatisticamente (p=0,20).No grupo LCZ696 houve também queda significante da pressão arterial sistêmica e diminuição no volume e no tamanho atrial em relação ao grupo valsartana, após 36 semanas. Não foram observados efeitos adversos adicionais com o uso do LCZ696 em relação à valsartana. No grupo LCZ696, 22 pacientes (15%) apresentaram um ou mais efeitos colaterais graves, contra 30 pacientes do grupo valsartana (20%).
Conclusão e Perspectivas: O estudo concluiu que, após 12 semanas de seguimento, o LCZ696 foi mais eficaz em reduzir os níveis de NT-proBNP que a valsartana em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. O tratamento da ICFEP ainda é incerto, e nenhuma droga se mostrou eficaz na redução de mortalidade ou na redução da disfunção diastólica. Visto que a ICFEP está associada a altas taxas de morbidade e mortalidade, é necessário que se estudem novas drogas para encontrar uma terapia para controle da doença. Essa nova droga se mostrou promissora, porém é um estudo pequeno, com poucos pacientes, que avaliou um desfecho substituto, com benefícios obtidos (queda do BNP) somente em 12 semanas, não sendo sustentados em 36 semanas. Esse estudo justifica a realização de ensaios clínicos maiores, e com desfechos "duros", com o objetivo de definir melhor os efeitos dessa nova medicação em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.
Após a apresentação, esse estudo foi publicado no The Lancet (doi:10.1016/S0140-6736(12)61227-6)
Veja também a entrevista exclusiva concedida pelo Dr. Scott Solomon ao Programa de Cobertura Online.
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