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Ciclistas franceses da Volta da França vivem mais que seus compatriotas não-ciclistas

Dr. Humberto Graner Moreira 

Segundo, a participação nessa competição representa apenas um pequeno período na vida dos ciclistas, o que limita a capacidade de associar conclusivamente a participação na Volta com a diminuição da mortalidade. Finalmente, os autores do estudo não foram capazes de estimar diretamente qualquer efeito de doping em ciclistas. 

Ciclistas de elite participantes da famosa Volta da França (Tour de France) apresentam mortalidade significativamente menor quando comparados com a população masculina geral da França, de acordo com um estudo apresentando no no Congresso Europeu de Cardiologia 2013 e publicado no European Heart Journal. No entanto, os resultados são inconclusivos sobre se os benefícios do esporte de alto risco se sobrepõe aos riscos da prática de exercício extenuante regular ou uso de suplementos de alta performance.

Este estudo foi baseado em 786 ciclistas franceses que participaram da Volta da França entre 1947 e 2012 e encontrou uma redução na taxa de mortalidade de 41% entre os mesmos, em relação à população geral masculina da França. Em média, esses ciclistas participaram de 2,5 edições da volta da França e foram seguidos por uma mediana de 37,4 anos. A idade média quando da primeira corrida foi 25 anos. Até a conclusão do estudo em 2012, 208 desses ciclistas tinham morrido, sendo neoplasias e doenças cardiovasculares responsáveis por 61% dessas mortes.

O autor do estudo, contudo, sugere que esses achados devem ser considerados com cautela por uma série de razões. Primeiramente, eles notaram que apenas os indivíduos mais saudáveis e mais condicionados estão aptos a competir na Volta da França, e, portanto, difícil de comparar com a população geral da França, muitos destes com portadores de doença crônica. A Volta da França é uma competição ciclística disputada em etapas com um percurso de aproximadamente 3.000 km de estradas irregulares e montanhosas.

Devido a estes múltiplos fatores de confusão, estes resultados são interessantes mas difíceis de estabelecerem uma conclusão concreta sobre os efeitos do exercício de resistência na mortalidade geral. No contexto recente de preocupações sobre os potenciais efeitos negativos de exercícios extenuantes de alto nível, esses resultados são de certa forma interessantes, mas ainda deixam questões em aberto sobre a dose ideal de exercício e o risco-benefício de esportes de resistência.

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