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SOLID-TIMI 52: O inibidor da Lp-PLA2 darapladib não reduziu desfechos cardiovasculares

 

Autor: Dr. Humberto Graner Moreira.
 
Resumo: A inibição da fosfolipase A2 associada à lipoproteína (Lp-PLA2) com darapladib na prevenção secundária de pacientes com síndromes coronárias agudas (SCA) não reduziu o risco de eventos cardiovasculares, de acordo com os resultados do estudo SOLID-TIMI 52.
 
A Lp-PLA2 é uma lipase produzida predominantemente por células inflamatórias ativadas e está intimamente ligada à aterogênese. Estudos epidemiológicos ou oriundos de bancos de dados de ensaios clínicos randomizados apontaram para uma associação positiva entre níveis circulantes de Lp-PLA2 e risco de doença cardiovascular. O darapladib é uma medicação desenvolvida para inibir a atividade da Lp-PLA2, com o propósito de atuar na regulação da atividade inflamatória aterosclerótica e reduzir eventos cardiovasculares.
 
O SOLID-TIMI 52 foi um estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, que incluiu 13.026 pacientes de alto risco cardiovascular nos primeiros 30 dias após uma internação por SCA. Os pacientes foram randomizados para receberem darapladib ou placebo, e o desfecho primário foi o composto de doença coronariana, morte, infarto do miocárdio ou revascularização coronária urgente devido isquemia miocárdica. Os pacientes foram acompanhados por um período médio de 2,5 anos.
 
Os resultados mostraram que o darapladib não foi superior ao placebo na incidência do desfecho primário (16,3% vs 15,6%, respectivamente; HR 1,00; IC95% 0,91 - 1,09; p=0,93). O composto apenas de morte cardiovascular, AVC, ou IAM também foi similar entre os dois grupos (15% cada, p=0,78). Nenhuma diferença foi demonstrada entre os grupos de tratamento para os componentes individuais dos desfechos primários ou desfechos secundários.
 
Os investigadores concluem que os resultados "não dão suporte a uma estratégia de inibição da Lp-PLA2 como alvo terapêutico em pacientes estáveis após uma SCA". Durante a sua apresentação, a Dra. Michelle O'Donoghu (Cardiovascular Division, Brigham and Women's Hospital, Boston) acrescentou que esses resultados, somados aos resultados negativos do estudo STABILITY, apontam para alguns dos desafios que podem ocorrer durante o desenvolvimento de novas terapias que são direcionadas para a cascata inflamatória: "Em particular, a inflamação atua ao longo de muitos caminhos complexos e redundantes que podem atenuar de um bloqueador com alvo altamente específico. Além disso, faltam desfechos substitutos confiáveis (estudos de fase 2) para se obter alguns insights sobre a eficácia de uma droga antes dos estudos de fase 3. Por exemplo, apesar de avanços promissores em modalidades de imagem que permitem a avaliação detalhada da placa, ainda permanece desconhecido se estes desfechos substitutos podem ser traduzidos em eventos clínicos".

 

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