Nos últimos anos, a questão da hiperglicemia induzida pelas estatinas tem sido alvo de discussões e questionamentos. Em 2012, o FDA (Food and Drug Administration), agência regulatória norte-americana, anunciou importantes advertências de segurança para as bulas de estatinas, alertando sobre uma possÃvel associação entre estes medicamentos e o aumento da hemoglobina glicosilada (HbA1c) e da glicemia em jejum.
O estudo LISTEN é o primeiro grande estudo a comparar as ações hipolipemiantes e o metabolismo da glicose em pacientes diabéticos em uso de estatinas potentes.
O estudo LISTEN, conduzido no Japão, randomizou 1.049 pacientes diabéticos para rosuvastatina (5 mg/dia) ou atorvastatina (10 mg/dia) seguidos por 12 meses. Os resultados mostraram que a rosuvastatina foi menos eficaz do que a atorvastatina na redução do colesterol não-HDL em pacientes com diabetes tipo 2. No entanto, a rosuvastatina reduziu significativamente o LDL-colesterol em menos tempo, como observado aos 3 meses. Além disso, a intensificação do tratamento com antidiabéticos foi significativamente menos frequente no grupo rosuvastatina do que no grupo da atorvastatina (11,9% contra 16,5%, respectivamente).
A glicemia aumentou em ambos os grupos, sem diferença significativa entre eles em 12 meses (alteração média de 0,11% e 0,12% nos grupos rosuvastatina e atorvastatina, respectivamente). Entretanto, o aumento inicial da glicemia foi significativamente mais abrupta no grupo da atorvastatina (121,4 e 126,0 mg/dl aos 3 e 6 meses, respectivamente) comparado com o grupo de rosuvastatina (118,8 e 122,9 mg/dl aos 3 e 6 meses, respectivamente), resultado estatisticamente significativo (p=0,010).
Esse é um estudo gerador de hipóteses, pois é relativamente pequeno, de desfechos metabólicos, e que utilizou doses relativamente baixas de estatinas. Ao mesmo tempo em que o benefÃcio clÃnico na prevenção de eventos cardiovasculares com o uso de estatinas em diabéticos hipercolesterolêmicos é indubitável, os dados apresentados pelo estudo LISTEN sugerem que possa haver diferentes efeitos entre as estatinas em pacientes metabólicos, e mais ensaios clÃnicos são necessários para confirmar essas diferenças.
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