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STICS: Tratamento peri-operatório com estatinas não reduziu complicações após cirurgia cardíaca

Autora: Dra. Patrícia Guimarães

Os resultados surpreendentes do estudo STICS foram apresentados hoje no Congresso Europeu de Cardiologia e mostraram não haver benefício na terapia com estatinas no pré-operatório de cirurgia cardíaca.

As complicações perioperatórias de cirurgia cardíaca influenciam de forma relevante as taxas de morbimortalidade dos pacientes, além de serem um fator determinante de custo hospitalar. Sendo assim, estudos que objetivam a prevenção destas vem se destacando nos últimos anos. No que diz respeito às estatinas, por exemplo, ainda não está claro se há algum benefício de se iniciar essa classe de drogas antes da cirurgia em pacientes que não faziam uso prévio. Já havia sugestões na literatura de que o uso de estatinas poderia reduzir a incidência de fibrilação atrial pós-operatória, complicação muito comum após cirurgia cardíaca, além de prevenir lesão miocárdica. No entanto, esses dados foram provenientes de estudos pequenos e desta forma, tornou-se interessante a investigação mais acurada do efeito dessa classe de drogas exclusivamente no contexto perioperatório.

O estudo randomizado e duplo-cego STICS incluiu 1922 pacientes submetidos à cirurgia cardíaca que se apresentavam em ritmo sinusal e foram randomizados para receberem rosuvastatina 20mg por dia ou placebo, com inicio do tratamento até 8 dias antes da cirurgia e mantendo o uso da medicação até o 5o dia pós-operatório. Os desfechos primários do estudo foram a incidência de nova fibrilação atrial, determinada pela análise de Holter de 5 dias, e avaliação dos níveis de troponina, sinalizando lesão miocárdica.

A taxa de aderência ao tratamento foi alta, 98%. Foi relatado que os pacientes do grupo intervenção apresentaram redução significativa nos níveis de colesterol comparando-se com o grupo placebo 48 hora após a cirurgia (p< 0,0001). Não houve diferença entre os grupos rosuvastatina e placebo no que diz respeito à incidência de fibrilação atrial (21% vs 20%, respectivamente, p= 0,72). Os níveis de troponina I também não diferiram entre os grupos (p= 0,72). Após realização de análise de subgrupos, não houve identificação de grupos de pacientes que se beneficiariam do tratamento, assim como este também não impactou nos desfechos secundários, como duração da internação hospitalar, eventos cardiovasculares e cerebrovasculares maiores, função ventricular esquerda e níveis de creatinina.

Em conclusão, apesar de haver dados na literatura que sugeriam benefício do tratamento com estatinas no perioperatório de cirurgia cardíaca, o estudo STICS não demonstrou tal efeito. Uso de anti-inflamatórios não esteroides, tipo de cirurgia, uso prévio de estatina e tempo de inicio do tratamento em questão foram fatores que não influenciaram os resultados.

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