Autor: Dr. Roberto Rocha GiraldezÂ
O registro SWEEDEHEART demonstra que, ao longo dos últimos 8 anos, houve um incremento na utilização de fondaparinux na Suécia com redução das taxas de sangramento e de mortalidade.
O estudo randomizado OASIS-5 comparou o inibidor indireto do fator Xa fondaparinux à heparina de baixo peso molecular enoxaparina em cerca de 20.000 portadores de infarto do miocárdio sem supradesnÃvel do segmento ST (IMSST), demonstrando redução significativa dos sangramentos maiores e da mortalidade nos pacientes tratados com fondaparinux. Essa análise do registro SWEDEHEART buscou avaliar a evolução dos pacientes tratados com fondaparinux em relação à enoxaparina no mundo real.
O registro SWEDEHEART (Swedish Web-System for Enhancement and Development of Evidence-Based Care in Heart Disease Evaluated According to Recommended Therapies) coletou prospectivamente os dados de todos os portadores de IMSST na Suécia entre os anos de 2006 e 2010 tratados com fondaparinux e enoxaparina. Os tratamentos foram comparados em relação aos desfechos de sangramentos maiores e morte no perÃodo intra-hospitalar, mortalidade, infarto do miocárdio, AVC ou sangramento aos 30 dias. Ajustes estatÃsticos foram realizados para o perÃodo do ano e hospital de admissão, caracterÃsticas basais dos pacientes e intervenções coronárias percutâneas (ICP) ou revascularização do miocárdio.
Entre os anos de 2006 e 2010, 44.813 portadores de IMSST que utilizaram fondaparinux ou enoxaparina foram incluÃdos no registro SWEDEHEART. Desses, 41,3% (N=18,521) receberam fondaparinux e 58,7% (N=26.292) foram tratados com enoxaparina. Ao longo do perÃodo de inclusão, houve uma inversão no uso preferencial das medicações. Enquanto em 2006, somente 0,7% dos portadores de IMSST receberam fondaparinux, em 2010, 86,8% dos pacientes foram tratados com fondaparinux. A despeito dos estudos prévios demonstrando um perfil de segurança mais favorável do fondaparinux, o uso desse fármaco não ocorreu preferencialmente nos pacientes com risco de sangramento mais elevado. Assim, as caracterÃsticas basais das duas populações foram similares em relação à idade, ao sexo, à presença de diabetes, aos eventos cardÃacos prévios e sangramentos maiores prévios. As ICPs, entretanto, foram maiores nos pacientes tratados com fondaparinux (47,1% vs. 39,2%).
As taxas intra-hospitalares de sangramentos maiores foram reduzidas significativamente em 48% no grupo fondaparinux (1,1% e 1,8% nos grupos fondaparinux e enoxaparina, respectivamente; OR 0,52; 95%IC 0,41-0,67). O emprego de fondaparinux também associou-se a uma redução de 28% da mortalidade intra-hospitalar (2,7% com fondaparinux vs. 4,0% com enoxaparina; OR 0,72; 95%IC 0,61-0,85). O benefÃcio precoce observado com fondaparinux também foi mantido ao final dos 30 dias de acompanhamento. Os sangramentos maiores foram significativamente menores com fondaparinux (1,4%) versus enoxaparina (2,2%; OR 0,54; 95%IC 0,43-0,66), assim como a mortalidade (4,2% vs. 5,9%; OR 0,79; 95%IC 0,69-0,91). A meta composta de morte, reinfarto, AVC ou sangramento também foi menor no grupo fondaparinux (14,1% vs. 16,8% nos grupos fondaparinux e enoxaparina, respectivamente; OR 0,84; IC95% 0,77-0,91).
Em conclusão, o registro nacional SWEDEHEART que incluiu grande número de portadores de IMSST na Suécia indica que a troca de enoxaparina por fondaparinux demonstrou vantagens clÃnicas evidentes na evolução dos pacientes, incluindo redução da mortalidade. Esses resultados confirmam no mundo real os resultados observados no megaestudo OASIS-5.
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